Entrevista por Frederico Tebar

Quando Lucas Gil deixou a cidade vizinha de Votuporanga para aqui em Rio Preto disputar o primeiro grande concurso de beleza de sua vida, o Mister São Paulo, ele não imaginava chegar tão longe. Depois da vitória em nossa cidade, ele ganhou outras faixas ainda mais importantes, o que o levou a conquistar fama, prestígio e muito trabalho. No mundo todo. Seu fã clube acompanha de perto sua trajetória. A cada foto publicada, lá estão elas se derretendo em elogios. Depois de trabalhar em muitos países, Lucas começa a dividir suas atenções entre a consagrada carreira de modelo e a de ator, sua mais recente paixão. Está fazendo vários cursos e já até gravou o primeira longa-metragem.
Você despontou vencendo concursos de beleza. Em 2002, aqui em Rio Preto, saiu campeão do Mister São Paulo. Estes concursos projetam a carreira de modelo?
A primeira participação profissional foi em minha cidade natal, Votuporanga, no concurso promovido pelo Padre Silvio Roberto em parceria com Beto Ferraz. O ganhador teria a chance de disputar o Mr. São Paulo, que aconteceu em Rio Preto. Este concurso me abriu muitas portas, inclusive para outros concursos, nos quais me consagrei campeão. Minha grande projeção se deve as vitórias que tive em três grandes concursos: Mister São Paulo, Mister Brasil e o Mister World ocorrido na China.
Este começo de carreira foi complicado ou os títulos que ganhou garantiam sua independência?
Acredito que todo começo de carreira seja um pouco complicado, ainda mais no meu caso, que deixei a profissão de nutricionista para me arriscar em outra área, que até então não tinha conhecimento nenhum. A partir da vitória no Mister Brasil consegui ter minha independência, viajei muito e tive a oportunidade de conhecer vários países nos seis continentes. Vejo que evolui muito... aprendi o  espanhol, o inglês. Enfim, valeu a pena.
Paralelo ao seu trabalho, você fez faculdade de Nutrição. Pensou em seguir esta carreira ou escolheu o curso com outros objetivos?A princípio escolhi Nutrição para dar ênfase na parte esportiva, pois esse sempre foi meu foco, sou fanático por esportes, treino jiu-jitsu e boxe há muitos anos. E gosto de seguir sempre uma dieta regrada e saudável. Mas, a vida me proporcionou outras chances e fiz a minha escolha. Acredito que o foco seja o principal caminho para o sucesso, por isso me voltei com força total para a carreira de modelo.
Hoje, como escolhe os trabalhos: pela projeção ou retorno financeiro? Hoje prefiro algo que me dê projeção. Avalio os profissionais que estão envolvidos e decido se vou ou não fazer. Faço meu trabalho com muito amor e determinação e acho que isso tem que ser recíproco. Quando percebo que é, tô dentro!
Nestes anos todos, o que fez com o dinheiro que ganhou?
Hoje, com um pouco mais de maturidade, pretendo investir em negócios diferentes. O primeiro deles será junto de três amigos... estamos abrindo uma empresa, logo, logo conto todos os detalhes.
Você tem uma carreira internacional extensa. Em quais países já trabalhou?
Desde que comecei fiquei mais tempo fora do Brasil do que propriamente aqui. Comecei como modelo profissional pelos países da Ásia. Filipinas, Tailândia, Indonésia, China, Cingapura, Taiwan e Malásia foram alguns dos lugares por onde fui. Depois passei um tempo em Milão, de onde parti para uma viagem por toda a Europa. Voltei ao Brasil em 2009 e em seguida embarquei para o México, onde fiquei mais seis meses.  Em 2010 fechei com uma agência americana e fui morar em New York e Miami.
Por que modelos brasileiros sempre trabalham nos países do Oriente. A beleza brasileira é mais valorizada lá?
Sim, eles adoram a beleza brasileira e latina, admiram tanto que a maioria dos concursos de beleza é feito por lá, sempre com grande audiência e expectativa da população.
Fala-se muito sobre a vida de modelos no exterior. Chegou a presenciar situações de tráfico de pessoas ou prostituição? Ouvi muito falar sobre isso na China, onde parece que ainda é algo relativamente comum. Eu graças a Deus nunca presenciei nenhuma destas situações. Trabalho com uma agência muito séria em São Paulo, a L'Equipe, que acaba me direcionando para trabalhos corretos.
Relembre uma história inusitada ocorrida com você em sua trajetória internacional.

Teve uma vez que estava em Nova Iorque desfilando para uma marca que se chama Express, eu era o último modelo a sair e acabei errando e entrei quase que junto com o estilista da marca, foi um desastre… Com certeza um episódio que nunca vou esquecer, hoje eu conto rindo, mas passei por um aperto na época, por ser apenas um inexperiente  “new face” - como dizem no mundo da moda.
Você foi aluno do Studio Fátima Toledo, uma das principais escolas de atores do país. Como foi a experiência?
Eu terminei meus estudos no Studio Fatima Toledo no final do ano passado. Foi uma experiência incrível, um lugar onde aprendi muito e tive o primeiro contato com o cinema. Ali me apareceu a oportunidade de gravar um longa-metragem. Foi demais!
Ingressar na carreira de ator tem sido mais difícil que o que inicio como modelo?
Acredito que seja mais difícil sim. Existe muita gente preparada e talentosa no mercado. Sei que não vai ser fácil, mas sigo me preparando para me firmar neste universo de artes dramáticas. Agora estou fazendo curso na conceituada Escola Superior de Artes Célia Helena.
Já começou a fazer testes para atuar?
Fiz apenas este longa-metragem que citei. Antes de entrar na maratona de testes, quero me preparar muito mais.

O estigma de que modelos sofrem preconceito ao ingressar na dramaturgia, tem sentido?Tem sentido sim. Creio que tudo começou quando os modelos publicitários começaram a fazer muitos comerciais, antes realizados exclusivamente por atores. Isso gerou um desconforto. Muitos modelos sofreram preconceito, mas creio que hoje essa rixa esteja fora de moda.
Como é seu dia-dia. Como os trabalhos aparecem?
Em São Paulo a rotina e sempre muito acelerada, mas já me acostumei e gosto bastante. Meu lema é: “Sempre produzir”.  Não tenho uma rotina sistematicamente igual. Ou estou fazendo testes para trabalhos publicitários, ou fazendo curso ou arrumando as malas para a próxima viagem. Apesar da correria, não abro mão de manter uma vida super-regrada, com treinos diários e uma forte dieta.
Com uma rotina tão inconstante, tem dificuldades para namorar?

Dificuldade nenhuma! O namoro se encaixa em qualquer rotina (risos). Estou solteiro há mais de um ano e confesso que tem sido melhor. Consigo focar minhas atenções apenas no estudo, no trabalho e no treino.
Como você vê a moda no interior de São Paulo?

Vejo a moda no interior com grande potencial de crescimento. O lado negativo é que nem todas as agências são profissionais... longe das capitais existe muita picaretagem e por conta disso, muitas modelos estragam seus sonhos de se tornarem profissionais de fato.
Quais seus planos para este ano de 2013?
Seguir trabalhando com moda. Nos próximos meses planejo uma viagem para a Alemanha, que atualmente é o mercado fashion mais forte da Europa. Também vou dar continuidade aos meus estudos na dramaturgia.